GOTHARDO NETO, PATRONO DA CADEIRA Nº 24 DA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

domingo, 3 de outubro de 2021

JOSÉ EMERENCIANO GOTHARDO NETO



Nasceu em Natal, no estado do Rio Grande do Norte,  a 24. 07.1881, filho de José Idelfonso Emerenciano (Professor Zuza) e d. Inácia China Emerenciano. Os estudos básicos foram feitos com o pai e o curso secundário no Atheneu Norte-rio-grandense, onde foi contemporâneo de Antônio Soares, Tomaz Salustino e Virgílio Dantas, entre vários outros nomes que se tornariam significativamente importantes não só na então Província como, inclusive, na história do Estado. Não pôde cursar a universidade, porém, a exemplo da maioria dos amigos, os quais seguiriam para outros centros onde fariam medicina ou direito, preferencialmente. Seu pai não teria recursos suficientes para mantê-lo fora de Natal, estudando. Assumiu o cargo de Secretário na Capitania dos Portos e passou a colaborar em pequenos jornais, com críticas e charges. Surgiu a “Gazeta do Comércio”, propriedade de Augusto Leite e direção do jornalista Pedro Avelino, e ele foi convidado para compor a equipe de revisores. Foi quando começou a publicar os primeiros versos, bem recebidos pelos leitores “(...) dada a segurança da métrica, da rima, e da concepção, versos que eram lidos, decorados e recitados nas reuniões domésticas, ao som da “dalila”, tirado nos teclados dos pianos” (Ivo Filho, em discurso de homenagem a Gotardo Neto na ANL na sessão de 15.07.1943, transcrito na Revista da Academia, Ano III, N.º 3, 1955, p.__ ). Mais adiante, com os amigos Itajubá, Jorge Fernandes, Ponciano Barbosa, Angione Costa, Antônio Glicério, Ivo Filho e outros, fundou a Oficina Literária “Lourival Açucena” (1903), sete anos após criaria a revista “O Potiguar”, da qual também participaria com os seus últimos poemas. Ainda nos primeiros anos do século conheceu aquela que seria, doravante, sua única fonte de inspiração: Maria Mercedes, amor intensamente correspondido mas fadado ao malogro, ao total esquecimento face aos preconceitos sociais da época (fora seduzida por um ex-namorado e tal fato, naquela sociedade de rígidos princípios morais, a infelicitaria definitivamente). As pressões da família e de amigos de Gotardo fizeram com que Mercedes se afastasse de sua vida, o que, a seu turno, teria sido o elemento gerador e deflagrador da ruína física e moral do poeta, que a partir daí se entregou à bebida, afastou-se do trabalho, dos amigos e da própria vida: “Foi um romântico em verso, prosa e vida”. Diz Cascudo, complementando, em seguida: “Moço, forte, inteligente, adorado pela cidade em que nascera, foi para casa numa tarde e, daí a cinco anos, saiu para o cemitério, inchado, arroxeado e disforme” (Alma Patrícia, p. 133). Seus versos esparsos em jornais foram reunidos e publicados, postumamente, sob o título de “Folhas Mortas” (1913). Eis uma amostra: “Fere-me o peito a dor de uma angústia secreta / Que o meu sonho de amor lentamente extermina / Como o golpe fatal de uma seta assassina / Como o golpe fatal de envenenada seta” (Câmara Cascudo, op. cit., p. 136). E outra, citada por João Medeiros Filho: “Folhas mortas vós sois, ó meus versos queridos! / Folhas mortas que o vento arrebata sem norte / Em vós todas existe a palidez da morte / E a tortura infernal dos corações partidos...” (Contribuição à História Intelectual do Rio Grande do Norte, p. 198). Gotardo Neto faleceu em Natal, a 7 de maio de 1911

As dificuldades materiais cedo obrigaram-no a suspender os estudos e entrar na vida prática, empregando-se na Capitania dos Portos, na Ribeira, e trabalhando também na redação da "Gazeta do Comércio".

Pertenceu à Oficina Literária "Lourival Açucena", que publicava o jornal "O Potiguar". Um amor impossível pela jovem Maria das Mercedes levou-o a perder o primeiro emprego; o empastelamento do jornal, o segundo. Sem amor e sem emprego, bebendo descontroladamente, viveu os últimos anos de vida na casa do pai, isolado do mundo, contatando apenas com uns poucos amigos, dentre os quais, Jorge Fernandes, Ferreira Itajubá, Ponciano Barbosa e Francisco Ivo. Foi homenageado como patrono da cadeira n° 24, da Academia Norte-rio-grandense de Letras, cujo primeiro ocupante foi Francisco Ivo Cavalcanti. (Deífilo Gurgel e Nelson Patriota)

FONTE – FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO

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A CADA PASSO ENCONTRAMOS UMA CRIATURA QUE NECESSITA DE NOSSO AMPARO - STPM JOTA MARIA - MOSSORÓ-RN, 31 DE MARÇO DE 2014

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Nasceu em Natal , no estado do Rio Grande do Norte ,  a 24. 07.1881, filho de José Idelfonso Emerenciano (Professor Zuza) e d. Inácia Chin...